domingo, 19 de setembro de 2010

Jimi Hendrix mais vivo do que nunca!



Há 40 anos, em meio a circunstâncias ainda obscuras, morria o maior guitarrista de todos os tempos

A exata causa da morte ainda é vaga e uma autópsia deverá ser realizada em Londres em 30 de setembro. Para a polícia, foi uma overdose de drogas, já que, segundo as autoridades, Jimi teria tomado nove tipos de soníferos, morrendo asfixiado em seu próprio vômito, em 18 de Setembro. De acordo com o cantor Eric Burdon, Hendrix, que morreu no apartamento da namorada, Monika Dannemann, deixou um "bilhete de suicídio", um poema de várias páginas, que agora está em sua posse. Burdon foi o último músico com quem Hendrix tocou antes de morrer.

Burdon fala: "O poema tem coisas que Hendrix já vinha dizendo, mas que ninguém escutava. Foi um bilhete de 'adeus' e um de 'olá'. Não acho que Jimi tenha cometido suicídio do jeito convencional, só decidiu ir embora quando quis." Burdon apareceu no canal BBC em 21 de setembro - três dias depois da morte de Hendrix - dizendo que Jimi "se matou". Naquele dia, não mencionou o poema que informou à Rolling Stone dois dias antes. A autópsia deveria ter sido feita em 23 de setembro, mas no dia seguinte à aparição de Burdon na TV foi adiada em uma semana (Burdon se recusa a mostrar o poema).

"Não acredito que tenha sido suicídio", afirma Michael Jeffery, empresário pessoal de Jimi. "Simplesmente não acredito que Jimi Hendrix tenha deixado seu legado para Eric Burdon continuar. Ele era uma pessoa muito peculiar." Hendrix passou a noite de quinta-feira, 17 de setembro, no quarto de Monika Dannemann, uma pintora alemã, no Samarkand Hotel. Ela o encontrou em coma na manhã de sexta-feira e chamou uma ambulância, que chegou ao hotel na Landsdowne Crescent, no bairro de Notinghill Gate, e o levou para o Hospital St. Mary Abbot's, onde foi pronunciado morto na chegada, às 11h45, horário de Londres. A polícia afirma que estavam faltando soníferos em um frasco no quarto de Monika, alugado por ela em meados de agosto por seis semanas e que Hendrix havia tomado algumas pílulas antes de dormir na noite anterior. O restante foi levado como evidência.




Hendrix estava na Europa desde que tocou no Festival da Ilha de Wight, em 30 de agosto. Foi seu primeiro show britânico em dois anos, e a Jimi Hendrix Experience (com Billy Cox no baixo e Mitch Mitchell na bateria) começou quase imediatamente uma turnê no continente. A turnê deveria terminar em Roterdã em 14 de setembro, mas essa data foi cancelada quando Cox sofreu um colapso nervoso e teve de voltar para os Estados Unidos. Noel Redding, baixista original da Experience, estava para sair de Nova York e se juntar ao grupo em Londres quando soube da morte do guitarrista.

Jimi estava hospedado no Hotel Cumberland ao lado da Park Lane desde sua chegada, no mês passado. Deveria ter feito checkout depois da noite de quarta-feira, mas pediu para o gerente lhe reservar mais uma noite. No entanto, não voltou ao hotel na quinta-feira à noite. A última vez em que Hendrix apareceu em público foi na quarta-feira, quando se juntou a Burdon e ao War no palco do Ronnie Scott's Club, em Londres.



"Sabia que ele estava mal há um ano", afirma Burdon. "Ele veio ao clube e perguntou se poderia tocar com a gente na noite seguinte, dia 16. No começo tocou mal, como um amador, usando truques de palco para esconder as deficiências, mas depois fez um solo que foi bom, e a plateia gostou. Ele saiu do palco e voltou, fazendo base para ' Tobacco Road'." Essa foi sua última música.

Há algum tempo, Hendrix vinha tentando se tornar mais independente em relação a seus negócios. Via o estúdio Electric Lady como um passo em direção a esse objetivo. Burdon diz que, uma semana antes de morrer, Jimi lhe contou que arranjaria empresários novos. "Ele reclamou várias vezes dos empresários, reclamou mesmo", conta Buddy Miles, que tocou com Hendrix na Band of Gypsies. "Não vou mentir e dizer que não sei, porque fiquei bastante com ele e o entendia de um jeito que muitos não conseguiam." Ele acrescenta: "Jimi merecia as pouquíssimas coisas que conseguiu, até mais. Quando saí da Band of Gypsies, sei que ele estava extremamente infeliz".

"Ele nunca me disse que queria trocar de empresário", responde Jeffery a essas alegações. "O que aconteceu é que nós dois estávamos nos expandindo em outras áreas, e às vezes ele precisava de muita atenção. Houve uma época em que ele queria expandir o grupo, só que metade da minha energia estava no estúdio e em outras coisas, e eu não tinha tempo para dedicar toda a minha energia para ajudar a aumentar o grupo. Sentíamos que a função tripla de empresário/artista/agente provavelmente desmoronaria, porque os tempos mudaram no show business. Algumas pessoas fora do círculo confundiram isso com descontentamento, mas não era o caso. Jimi era suficientemente inteligente e brilhante. Se ele quisesse terminar, teria feito isso", afirmou Jeffery.

"Ele falava coisas diferentes para todo mundo. Era assim, sempre mudando de ideia", disse Burdon no fim de semana. "Hendrix estava em um poço tão profundo que o único jeito de sair era parar de tocar música e tentar arrumar a bagunça. Mas ele sabia que, sem a música, ficaria destruído de qualquer forma. Percebeu que a única coisa a fazer era continuar tocando e mesmo assim morreu, porque estava sendo tolhido criativamente", completou o cantor.



Você lê esta matéria na íntegra na edição 48, da revista Rolling Stones, setembro/2010


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